Minha jornada na TI: De operador de caixa à desenvolvedor mobile | by Caio Santos | Oct, 2025

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Já se passaram 20 anos (é tô ficando velho 😥) de uma jornada cheia de surpresas: comecei como operador de caixa em um mercado de bairro chamado Xixová, em Praia Grande, e hoje atuo na área de TI do Mercado Livre, mesmo tendo como plano inicial cursar Ciências Contábeis ou Administração (quem diria, né?). Ao longo desse tempo, agarrei cada oportunidade que apareceu e, sem perceber, fui mergulhando de vez no universo da tecnologia, até me tornar desenvolvedor mobile. Neste artigo, quero dividir um pouco dessa trajetória desde as primeiras experiências profissionais, passando por fases complicadas e muitos aprendizados em diferentes equipes, até chegar ao momento atual, onde sigo evoluindo no Meli. Se você está começando agora, espero que minha história mostre que cada passo importa, até mesmo aqueles que parecem totalmente fora do roteiro original!

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Photo by Imagine Buddy on Unsplash

As raízes e o primeiro passo

Minha primeira experiência de trabalho foi num mercado de bairro da família, começando como operador de caixa. Mas rapidinho fui aprendendo um pouco de tudo: repor mercadoria, atender na padaria e no açougue e até ajudar nas entregas. Mesmo que nada disso tenha a ver diretamente com tecnologia, foi lá que aprendi a lidar com gente, desde clientes felizes até aqueles momentos tensos com cliente bravo porque o pãozinho estava muito queimado ou filas gigantes nas vésperas de feriado e somente um caixa para atender. A equipe era pequena, então todo mundo precisava estar 100% comprometido pra garantir que o cliente saísse satisfeito. Isso porque tínhamos um concorrente grande, com time e estrutura muito maiores bem ali do lado. Foi um baita desafio e até hoje levo esses aprendizados pra vida profissional.
Durante o terceiro colegial (era esse nome na época, rs), eu já trabalhava no mercado e minha ideia era fazer Ciências Contábeis, principalmente porque Matemática era a matéria em que tirava as melhores notas. Mas na hora de me inscrever no vestibular, vi meu amigo colocando Ciência da Computação como primeira opção, e só por isso acabei mudando a minha também. A verdade é que tinha escolhido Ciências Contábeis mais pela pressão do momento do que por um sonho mesmo, e vendo outra opção e um amigo seguindo por esse caminho, foi fácil mudar de ideia.

As transições e as escolhas

Estava no final do terceiro ano da faculdade de Ciência da Computação na Universidade Santa Cecília quando comecei a caça pela tão sonhada vaga de estágio. Todos sabiam que aquele estágio seria um divisor de águas na carreira que estava para começar, então corri atrás até conseguir. Meu primeiro estágio foi na KBR Tech, uma fábrica de software bem conhecida na região de Santos. Lembro como se fosse hoje do dia em que recebi a notícia de que tinha passado no processo seletivo, cada detalhe daquele dia está guardado na memória 🙌. Foi uma conquista muito especial, ainda mais porque não tive ajuda nem networking; me destaquei principalmente na dinâmica de grupo, e acho que a experiência de lidar com público no Xixová ajudou demais. Curiosidade: no primeiro dia de trabalho descobri que tinha sido escalado para o estágio em web design, mesmo meu foco sendo desenvolvimento. Não me neguei, aprendi o básico, mas logo mostraram que meu potencial estava em outra área e me moveram para o time de desenvolvimento. Essa primeira oportunidade foi fundamental para me formar como profissional, o programa de acompanhamento era muito bem estruturado, com gente experiente disposta a ensinar, e isso fez toda a diferença.

Depois de quase dois anos na KBR, já efetivado, senti que era hora de buscar um mercado maior: as empresas de tecnologia em São Paulo. A minha primeira entrevista na capital foi uma aventura: subi a serra com o mesmo amigo que me influenciou a escolher Ciência da Computação, e a entrevista rolou numa loja de conveniência de posto de gasolina! Passei e comecei a trabalhar já na semana seguinte, alocado em uma livraria online. Mas, menos de uma semana depois, recebi uma proposta para uma grande consultoria no centro de São Paulo, indicação de outro amigo da faculdade, e não pude recusar. Uma coisa interessante: em nenhuma dessas oportunidades eu dominava a tecnologia usada: na KBR era ASP 3.0, na livraria PHP, e na consultoria VB.NET e ASP.NET , mas mesmo assim aceitei o desafio e fui aprendendo na marra!

Foi na consultoria GPTI que vivi meu primeiro momento turbulento. O mercado estava difícil, e cada semana via colegas sendo demitidos. Chegou o dia da minha vez; meu coordenador me chamou, explicou a situação e disse que precisava escolher entre mim e um colega que já estava no time há mais de três anos. Eu imaginava que seria meu fim ali, mas, surpresa, o gerente da fábrica pediu para que eu fosse realocado em outro projeto. Salvo pelo gongo! 😆

Pouco tempo depois, um amigo que havia saído da consultoria me chamou para trabalhar com ele na Dotz. A partir dali, minhas oportunidades começaram a surgir via indicações. A Dotz foi um momento bem bacana, isso porque saí do ambiente de consultoria e passei a atender a própria empresa, o que muda bastante a rotina. Comecei a trabalhar com metodologias ágeis (SCRUM na época) e evoluí no .NET, agora com C#.

O amigo que me indicou na Dotz acabou saindo para trabalhar no Zap Imóveis, e logo que surgiu uma vaga por lá, tanto ele quanto outro amigo da época da GPTI (que também já estava no Zap) lembraram de mim e me indicaram para a vaga. Passei no processo e fiquei por longos 8 anos, o maior tempo em uma só empresa na minha trajetória. Passei por mais de cinco times, começando por projetos menos expressivos até chegar a participar de iniciativas de grande impacto, como o novo site e a transição de web para mobile, assumindo o app iOS junto com outro amigo que havia feito a transição de carreira junto comigo. Foram anos de muita coisa: novos amigos e não apenas colegas de trabalho, viagens para os Estados Unidos para a WWDC por dois anos seguidos (isso foi algo que eu nunca imaginei vivenciar), e crescimento constante. Depois da fusão com o Viva Real, senti que era hora de novos desafios, e após algum tempo buscando, surgiu uma oportunidade no Itaú Unibanco.

Ir do Zap Imóveis para o Itaú foi um salto gigante. Mesmo nos dois anos que passei lá, não consegui explorar tudo que a instituição oferece, isso dá uma ideia do tamanho do impacto que foi. Para completar, o projeto era um desafio fora da minha zona de conforto: atuar como tech lead em um app Android com backend em Java, tecnologias que eu não dominava até então. Topei o desafio, contei com a paciência e ajuda do meu par, que era tech lead experiente em banco, e aos poucos fui absorvendo as necessidades. Foi, sem dúvida, o maior desafio profissional da minha carreira, e cresci demais em organização, gestão de pessoas e lidar com crises.

Depois, parti para a XP, novamente por indicação de um amigo do Zap. Lá me juntei ao time (ainda pequeno) responsável pela construção do módulo de cartões desde as primeiras linhas de código. Foi um baita aprendizado técnico, especialmente porque no Itaú eu tinha ficado um pouco mais distante do código. Na XP, participei ativamente do capítulo de iOS e do grupo de entrevistadores, me envolvendo bastante.

Em um dado momento, a XP iniciou uma transição para Flutter, o que não estava alinhado com meus objetivos pessoais naquele momento (hoje já topo esse desafio 😜). Foi aí que surgiu a oportunidade da Cora, uma empresa menor e mais enxuta, com um time mobile pequeno e ainda em formação. Esse era o cenário perfeito para o que eu buscava: mentorar pessoas mais iniciantes. Me adaptei rápido ao ambiente de desenvolvimento e comecei a contribuir ativamente no capítulo de iOS, chegando até mesmo a dividir mentorias com o staff.

Esse período de transições e escolhas me ensinou, acima de tudo, que ninguém começa sabendo tudo. Aliás, quase nunca estamos realmente “prontos” para o próximo passo, mas é justamente topando o desafio, mergulhando de cabeça e aprendendo no caminho que a gente cresce de verdade. Trocar de stack, enfrentar projetos desconhecidos, lidar com pressão ou até mudar de empresa pode assustar, mas cada uma dessas experiências foi essencial pra me formar tanto profissionalmente quanto como pessoa. Para quem está começando agora, o que mais vale não é saber todas as respostas, mas ter abertura pra aprender, humildade pra pedir ajuda e coragem pra abraçar oportunidades quando elas aparecerem, até mesmo aquelas que parecem meio fora da zona de conforto. No final das contas, são justamente essas mudanças inesperadas que deixam a trajetória interessante e cheia de histórias pra contar.

O agora e o futuro

Depois de toda essa jornada, cheguei ao Meli. Já se passaram 8 meses desde então e, mais uma vez, veio aquele clássico frio na barriga. Após 3 anos estudando inglês, entrei numa empresa onde o idioma do dia a dia é espanhol, e quando cheguei meu conhecimento era ZERO. Deixei de atuar em times de produto para abraçar um time mais estrutural, com atuação cross e impacto em toda a empresa. Comecei a trabalhar mais próximo da integração entre nativo e webview. Por mais que muita coisa tenha sido novidade, hoje o “novo” já não me assusta como antes. De tanto me colocar nessa posição ao longo dos anos, aprendi que enfrentar o desconhecido é o que realmente move o nosso crescimento. O desafio agora é só segurar a ansiedade de querer dominar tudo de imediato.

Olhando pra trás, vejo que passei por empresas de todos os tamanhos e formatos, sempre no momento certo. Trabalhei em pequenas empresas, como KBR, Dotz e Cora, curtindo o estilo quase startup e dinâmico. Vivi ambientes médios, como XP e Zap Imóveis, mais estruturados, mas ainda com aquela pegada de times próximos e pouca burocracia. E encarei o dia a dia de gigantes, como Itaú e Meli, onde processos, guidelines e alinhamentos fazem parte da rotina. O mais curioso é a ordem desses movimentos: comecei em empresa pequena, fui para uma média, depois para uma gigante, voltei para média, novamente uma pequena e agora estou em outra gigante. Essa sequência me fez experimentar todo tipo de cultura, já reclamei de falta de processo e também já vivi onde tudo depende de aprovação antes de seguir para a próxima etapa. Isso me trouxe maturidade para perceber que não existe fórmula mágica de trabalho. Cada empresa tem seu jeito e a gente precisa entender onde se encaixa melhor.

Essa foi uma versão bem resumida do caminho que trilhei até aqui, com uma bela ajuda da IA. Minha ideia era mostrar quantas mudanças enfrentei, como lidei com cada uma delas, e como tudo isso foi essencial para que eu me tornasse um profissional mais completo. O texto é um relato, não tem certo ou errado, são fatos da minha trajetória que talvez possam te ajudar, seja para dar um próximo passo, seja para repensar uma escolha ou só para saber que esse tipo de dúvida e recomeço faz parte.

Se você curtiu o texto, ficou com vontade de saber mais sobre alguma parte da jornada, se identificou e está inseguro sobre o próximo passo ou ficou curioso sobre algum detalhe em que não aprofundei, me chama para conversar. Vai ser ótimo trocar uma ideia e, quem sabe, contribuir um pouquinho com o seu caminho também. Abaixo estão meus links de contato, é só chamar por lá.

Abraço e até o próximo texto!

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